quinta-feira, 23 de junho de 2011

MAIS UMA VEZ O FUTEBOL BRASILEIRO BRILHA NA AMÉRICA, SANTOS CAMPEÃO DA LIBERTADORES 2011



Agora, a comparação com o melhor time da história do futebol brasilero é ainda mais inevitável. Com gols de Neymar e Danilo, Santos FC chegou ao tricampeonato  da Copa Libertadores ao vencer o Peñarol por 2 a 1, nesta quarta-feira (22), no Pacaembu. Com o título, o Peixe consolida sua geração mais vitoriosa após a Era Pelé, época em os santistas foram bicampeões continentais e mundiais, em 1962 e 1963. Novamente a América está vestida de preto e branco.
A conquista na Libertadores 2011 inevitavelmente remete à equipe dourada da década de 1960. O Peñarol também foi o rival do Peixe na final de 1962, ano do primeiro título continental santista. Naquela época, o Peixe tinha Pelé, o melhor jogador do Século XX. Agora, tem Neymar, o melhor jogador brasileiro da atualidade, mas a equipe não se resume ao craque de 19 anos. O gênio PH Ganso, Rafael, Danilo, Edu Dracena, Durval, Léo, Adriano, Arouca, Elano e Zé Eduardo foram igualmente fundamentais no tricampeonato continental.
Além disso, o momento da premiação não poderia ter sido melhor para a torcida santista. O capitão Edu Dracena recebeu a Taça Libertadores da América das mãos do Rei Pelé
O Jogo
No primeiro lance ofensivo, o Santos FC já levantou a torcida no Pacaembu. Neymar levantou a bola na área para Arouca. O volante cabeceou fraco e mandou pela linha de fundo. Menos de um minuto depois, outro cabeceio perigoso do Peixe. Em cobrança de falta, Elano alçou na área e Durval cabeceou tirando tinta da trave direita de Sosa.
Apesar da marcação forte dos uruguaios, Santos FC conseguia atacar. Aos oito minutos, Elano acertou um bom chute de fora da área, obrigando difícil defesa de Sosa. Dois minutos depois, PH Ganso lançou Neymar na área, que se desequilibrou e não conseguiu concluir a finalização.
Somente aos 11 minutos, o Peñarol teve seu primeiro lance de perigo. Aguiar arriscou de longe, a bola bateu em Oliveira e sobrou para Martinuccio. O meia tentou cruzar, mas, bem posicionado, Rafael cortou o passe.
O Peñarol seguia marcando duro. Até os 30 minutos, os uruguaios já haviam cometido 12 faltas, enquanto os santistas apenas duas. E a melhor chance do Peixe, até então, veio em uma cobrança. Da entrada da área, Elano bateu por cima da barreira e mandou no canto esquerdo de Sosa, que fez bela defesa.
O Peñarol fez sua primeira substituição aos 37 minutos. Contundido, o lateral-direito González saiu para a entrada de Emiliano Albín.
A melhor chance do Santos FC no primeiro tempo veio aos 43 minutos. Após rápida troca de passes do ataque santista, Zé Eduardo tocou para Léo, que completou de primeira, mas mandou o chute de direita para fora. Três minutos depois, o Peixe ainda teve outro lance de perigo. Após cobrança de escanteio, Durval cabeceou bem, mas Sosa defendeu com segurança. Assim, a primeira etapa terminou com um empate sem gols.
No início do segundo tempo, Neymar abre caminho para o Tri
Considerado o jogo de ida, a ausência de gols na final da Libertadores durava135 minutos. Mas logo no início da segunda etapa no Pacaembu, Neymar abriu o placar. Arouca fez espetacular jogada na frente da área e encontrou o craque santista, que finalizou de primeira e marcou pela sexta fez na competição.
Após o gol santista, o time uruguaio ficava mais violento. Aos sete minutos, Corujo deu uma entrada criminosa em Arouca, mas levou apenas o cartão amarelo.No lance seguinte, Neymar fez bela jogada pela esquerda e arrisca de fora da área. A bola saiu tirando tinta do travessão.
Apesar das tentativas de reação dos uruguaios, o Santos FC seguia superior na partida. Aos 22 minutos, o Peixe fez a primeira alteração na equipe. Alex Sandro entrou na vaga de Léo.
E a superioridade santista se confirmou em mais um gol. Elano tocou para Danilo, que driblou Dario Rodriguez e chutou de canhota, rasteiro no canto direito de Sosa.
Depois do segundo gol alvinegro, o Peñarol se desarticulou em campo, mas não se entregou. Em sua última cartada, aos 34 mintuos, o técnico Diego Aguirre trocou um lateral por um atacante. E a substiuição deu certo.Estoyanoff, que havia acabado de entrar, cruzou pela direita, Durval desviou contra o patrimônio e atrapalhando o goleiro Rafael. Com o gol uruguaio, a partida se mostraria dramática nos últimos minutos.
O Peixe ainda teve duas oportunidades de ampliar. Aos 40 minutos, Neymar fez linda jogada pela esquerda, cruzou para Ganso. O meia chutou fraco, mas Zé Eduardo desviou de cabeça e mandou para fora. Já aos 44, Pará deu bom passe para Neymar, que tocou com categoria sobre o goleiro Sosa. A bola bate na traveu e Zé Love perdeu no rebote. Mesmo assim, o Peixe confirmou a vitória e mais um vez vestiu a América de branco e preto.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Para que serve um capitão, mesmo?







Lembro daquele livro que o meu pai guardava na dispensa, sobre regras de futebol. Lembro que era criança e que, no intervalo de brincar com as bonecas ou de assistir Vila Sésamo (sim, passava Vila Sésamo em Portugal, e não era a preto e branco. E sim, eles falavam português de Portugal), me escondia lá e lia o livro que, na época, era bastante confuso. "Tanta regra para chutar numa porcaria duma bola!", pensava eu.
Hoje, o meu pensamento não muda. Até porque sou daquelas que pensa que se as regras existem, são para serem cumpridas. Assim como o papel destinado a jogadores de futebol.
Lembro de quando a função do capitão não era para qualquer um. No livro do meu pai dizia algo como "ser um jogador experiente, ídolo da torcida e o único autorizado a conversar com o árbitro". E de fato era. Era o jogador mais antigo do time, respeitado por todos e, realmente, era o único que tinha autorização para conversar com o juiz.
Hoje isso se perdeu, especialmente essa última parte. Se for preciso, até faxineira do time (não desmerecendo a profissão, é só um exemplo) vai tirar satisfação com o árbitro. Lembro que quando eu era pequenina e o João Pinto era o capitão do Benfica (não contem a ninguém, mas até os meus nove anos, eu torcia para o Benfica, depois abri os olhos hehe), ou o Figo capitão do Sporting, só eles conversavam com o juiz na hora de reclamar de alguma falta. Era tudo muito respeitoso. E todos tinham uma admiração enorme pelo capitão do time.
Hoje em dia, quais são os critérios para se decidir por um capitão de time? Vendo o futebol brasileiro, chego à conclusão de que é o jogador mais caro/mais polêmico/mais famoso. Se, por um lado, isso pode ser bom para a torcida (geralmente o jogador mais famoso do time é o mais amado), por outro, não é necessariamente bom para a unidade do time, que vê aquele cara novo chegar (ou regressar) ao time e, em pouco tempo, receber a faixa no braço, apenas porque veio da Zoropa e acabou estrelando 8 de 10 comerciais de TV.
O capitão pode ser polêmico, famoso, amado ou odiado pela torcida. Mas, acima de tudo, ele precisa ser referência na equipe e, principalmente, ter espírito de liderança e amor à camisa. Exemplos claros disso no Brasil são, obviamente, Rogério Ceni e Marcos, do Palmeiras. Jogadores antigos nos respectivos elencos, eles são a prova viva de que, sim, é possível um jogador amar o time que defende (e não é isso que nós, torcedores, queremos ver nos jogadores?). Líder é aquele que é respeitado por todos (não aquele que recebe xingos de colega imaturo, 'tá, Edu Dracena?) e que, porque não?, tem opinião forte na contratação (ou escalação) de jogador.


por Ana Lima,portuguesa, jornalista, já passou de um quarto de século, mas continua sem juízo. É São Paulo no Brasil e Sporting na terrinha.http://faltapracartao.blogspot.com/2011/03/para-que-serve-um-capitao-mesmo.html